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Racismo àbrasileira

Aqui você encontra casos de racismo que marcaram pessoas negras e o impacto em suas vidas. Filtre por categorias, explore os relatos e compartilhe sua experiência.

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Estava apresentando um seminário como trabalho final, numa cadeira de educação, numa universidade federal do país. O trabalho em questão trazia como conteúdo a obra de uma filósofa brasileira negra. No momento da apresentação, fui interrompida pela professora (branca e progressista ), que, sem motivo aparente e de forma muito agressiva, demonstrou seu desconforto com o conteúdo do trabalho. Começou a fazer falas racistas e sem nexo. Surpreendida por sua atitude, não consegui dizer mais nada, apenas seguir de forma mais rápida possível com a apresentação do meu trabalho. Isso se repetiu no semestre seguinte, quando novamente estava apresentando um seminário como trabalho final, numa cadeira sobre educação, com a mesma professora (branca e progressista).

Estava fazendo um curso de fotografia online e fui pra rua treinar. Achei um ponto de simetria entre duas casas interessante e quis tirar aquela foto. Minha câmera estava apontando para cima, para o céu, no espaço vazio entre as casas. Uma mulher saiu de dentro da própria casa e começou a me questionar, agressivamente, o que eu estava fazendo e pra quê. A expressão dela era de superioridade, como que se estivesse esperando para desmascarar uma mentira. Eu mal conseguia falar, fiquei muito nervosa, o coração acelerado, não acreditando que aquilo estava acontecendo, esperando que ela pedisse pra ver a foto, o que não aconteceu, ainda bem. Finalmente ela parou de perguntar e foi embora. Meu namorado, branco, vive tirando fotos de frente de casas que ele acha bonitas, nunca foi abordado ou questionado.

Parei de alisar o cabelo perto de entrar na faculdade e aí já com o cabelo natural, bem cacheado, visitei uma tia que é branca e hoje bolsonarista que veio me perguntar se eu não ia voltar a alisar nunca mais. Primeiro me disse que cacheado dava muito trabalho pra cuidar e controlar e depois falou que na minha profissão do curso que me formei, não dá pra usar cabelo assim porque não passa uma imagem boa. E disse que se ela tivesse que escolher entre duas arquitetas, ela escolheria a de cabelo liso porque significa que essa se preocupa com estética.

Era primeiro dia de aula daquela disciplina com aquela professora e ela simplesmente parou o que estava fazendo pra olhar com nojo pro meu cabelo (trançado no dia) para perguntar como eu lavava e se aquilo não apodrecia meu cabelo. Ela fez tudo isso me olhando com nojo e desdém.

Eu moro no bairro de Sta. Teresa no RJ Capital. No prédio q eu moro, eu e minha familia somos os únicos negros. Certo dia, qdo ainda havia pouco tempo q morava aqui, fui confundido com o profissional q trabalha no prédio. A pessoa gostaria q entrasse em contato com determinado apartamento. Entrei sem constrangimento apenas pq o porteiro era muito meu amigo. Pouco tempo depois , a mesma pessoa q tinha entrado, havia colocado o carro numa vaga para visitantes e gostaria de sair. Calhou de eu estar conversando com o trabalhador aqui do prédio, q é um homem branco. A pessoa parou o carro perto da portaria e pediu para servidor do condomínio me chamasse para abrir o portão de garagem, achando q eu trabalhava na portaria. O porteiro respondeu q ia abrir e q eu era morador condomínio. A pessoa veio com aquele papo de q não tinha percebido q eu estava sem identificação. Em outra ocasião fui direcionado a entrada de serviço por estar de crachá de trabalho. Questionei pq moradores deveriam entrar pela entrada de serviço sem estarem carregando carga. O morador não soube onde enfiar a cara de racista e só fez pedir desculpas. Um outro morador de porta falou para minha filha de 10 anos q o cabelo dela só andava desarrumado. Minha esposa entrou em contado por meio público (grupo de WhatsApp do condomínio) e avisou q o próximo ocorrido ele seria denunciado por crime de racismo.

Não ser bem atendida em lojas por parecer não ter dinheiro.

Ser usado de token é horrível. Já trabalhei em um lugar super progressista, de esquerda, mas sofri um caso de racismo quando x chefe falou que preto é preguiçoso e não quer estudar. "Tem que entender que você é dispensável, então tem que se fazer indispensável". Quando acusei o racismo fui chamado de machista. Em contraponto, toda vez que executivos brancos iam na empresa, eu era chamado pra sala de reunião pra "contar minha história" e mostrar como a empresa é plural.

No trabalho, estando responsável por um treinamento, ao entrar na sala fui abordada como sendo a responsável pelo café, sendo que sequer o uniforme da equipe eu usava. Quando me posicionei pra começar efetivamente o treinamento, ouvi o comentário "Mas é ELA que vai dar treinamento?", de forma pejorativa.

Estava apresentando um seminário como trabalho final, numa cadeira de educação, numa universidade federal do país. O trabalho em questão trazia como conteúdo a obra de uma filósofa brasileira negra. No momento da apresentação, fui interrompida pela professora (branca e progressista ), que, sem motivo aparente e de forma muito agressiva, demonstrou seu desconforto com o conteúdo do trabalho. Começou a fazer falas racistas e sem nexo. Surpreendida por sua atitude, não consegui dizer mais nada, apenas seguir de forma mais rápida possível com a apresentação do meu trabalho. Isso se repetiu no semestre seguinte, quando novamente estava apresentando um seminário como trabalho final, numa cadeira sobre educação, com a mesma professora (branca e progressista).

Estava fazendo um curso de fotografia online e fui pra rua treinar. Achei um ponto de simetria entre duas casas interessante e quis tirar aquela foto. Minha câmera estava apontando para cima, para o céu, no espaço vazio entre as casas. Uma mulher saiu de dentro da própria casa e começou a me questionar, agressivamente, o que eu estava fazendo e pra quê. A expressão dela era de superioridade, como que se estivesse esperando para desmascarar uma mentira. Eu mal conseguia falar, fiquei muito nervosa, o coração acelerado, não acreditando que aquilo estava acontecendo, esperando que ela pedisse pra ver a foto, o que não aconteceu, ainda bem. Finalmente ela parou de perguntar e foi embora. Meu namorado, branco, vive tirando fotos de frente de casas que ele acha bonitas, nunca foi abordado ou questionado.

Parei de alisar o cabelo perto de entrar na faculdade e aí já com o cabelo natural, bem cacheado, visitei uma tia que é branca e hoje bolsonarista que veio me perguntar se eu não ia voltar a alisar nunca mais. Primeiro me disse que cacheado dava muito trabalho pra cuidar e controlar e depois falou que na minha profissão do curso que me formei, não dá pra usar cabelo assim porque não passa uma imagem boa. E disse que se ela tivesse que escolher entre duas arquitetas, ela escolheria a de cabelo liso porque significa que essa se preocupa com estética.

Era primeiro dia de aula daquela disciplina com aquela professora e ela simplesmente parou o que estava fazendo pra olhar com nojo pro meu cabelo (trançado no dia) para perguntar como eu lavava e se aquilo não apodrecia meu cabelo. Ela fez tudo isso me olhando com nojo e desdém.

Eu moro no bairro de Sta. Teresa no RJ Capital. No prédio q eu moro, eu e minha familia somos os únicos negros. Certo dia, qdo ainda havia pouco tempo q morava aqui, fui confundido com o profissional q trabalha no prédio. A pessoa gostaria q entrasse em contato com determinado apartamento. Entrei sem constrangimento apenas pq o porteiro era muito meu amigo. Pouco tempo depois , a mesma pessoa q tinha entrado, havia colocado o carro numa vaga para visitantes e gostaria de sair. Calhou de eu estar conversando com o trabalhador aqui do prédio, q é um homem branco. A pessoa parou o carro perto da portaria e pediu para servidor do condomínio me chamasse para abrir o portão de garagem, achando q eu trabalhava na portaria. O porteiro respondeu q ia abrir e q eu era morador condomínio. A pessoa veio com aquele papo de q não tinha percebido q eu estava sem identificação. Em outra ocasião fui direcionado a entrada de serviço por estar de crachá de trabalho. Questionei pq moradores deveriam entrar pela entrada de serviço sem estarem carregando carga. O morador não soube onde enfiar a cara de racista e só fez pedir desculpas. Um outro morador de porta falou para minha filha de 10 anos q o cabelo dela só andava desarrumado. Minha esposa entrou em contado por meio público (grupo de WhatsApp do condomínio) e avisou q o próximo ocorrido ele seria denunciado por crime de racismo.

Não ser bem atendida em lojas por parecer não ter dinheiro.

Ser usado de token é horrível. Já trabalhei em um lugar super progressista, de esquerda, mas sofri um caso de racismo quando x chefe falou que preto é preguiçoso e não quer estudar. "Tem que entender que você é dispensável, então tem que se fazer indispensável". Quando acusei o racismo fui chamado de machista. Em contraponto, toda vez que executivos brancos iam na empresa, eu era chamado pra sala de reunião pra "contar minha história" e mostrar como a empresa é plural.

No trabalho, estando responsável por um treinamento, ao entrar na sala fui abordada como sendo a responsável pelo café, sendo que sequer o uniforme da equipe eu usava. Quando me posicionei pra começar efetivamente o treinamento, ouvi o comentário "Mas é ELA que vai dar treinamento?", de forma pejorativa.

Minha mãe é branca e eu sou parda, em um universidades particular e grande do RS, a professora coordenadora do curso de pedagogia perguntou se eu era filha biológica da minha mãe enquanto passava o dedo indicador no braço, para falar da minha cor.

Teve um dia em que minha mãe branca disse que não existe negro bonito no Brasil, eu falei pra ela que por ser negra ouvir isso dela era um absurdo. Ela disse que eu não sou negra, sou morena ou mulata e que se todo mundo é descendente de escravizado, por algum parente distante dela já ter sido um, ela também poderia se dizer mulata. Eu insisti dizendo que não se usa morena ou mulata e que eu sou negra portanto. Ela saiu de casa por 3 dias e ficou sem falar comigo porque não aceita que eu seja negra.

Um dia quando estávamos no ônibus voltando para casa de um evento na Zona Sul do Rio, um casal reclamou do cheiro porque o ônibus estava todo fechado devido a chuva e o homem disse para a mulher que acompanhava que provavelmente seria a minha filha. Nós descemos do ônibus e minha filha estava chorando e então contou pra mim e para a irmã o que aconteceu.

Eu tinha 08 anos, fui pra escola usando tranças. Estava muito feliz, porque com tranças o meu cabelo balançava. Mas sofri bullyng pelos colegas. Eles me chamavam de rastafari, rasta, riam, puxavam minhas tranças. Eu chorava muito e não queria ir mais pra escola. Minha mãe teve de conversar com a equipe pedagógica para controlar a situação. Era u.a escola de classe média de Salvador e eu era a única da sal de cabelo crespo. Durante muitos anos eu sentia raiva do meu cabelo e até dos meus pais, por isso. Só consegui usar meu cabelo natural aos 35 anos. Sinto por todas as meninas e meninos que sofrem a autoestima em razão das suas características naturais.

Sou negra de pele clara e um dia em uma conversa com uma colega de faculdade ela me disse : "mas você não é tão preta assim pra falar sobre isso".

Quando tinha 10 anos (2003) estava em um hipermercado (extra) e me distanciei da minha mãe. Fui seguido por um segurança que me revistou sem permissão, por achar que eu estava roubando.

Vendedora de loja de roupas em Shopping me preteriu ao ver casal branco e loiro entrar na loja depois de mim.

Uma vez fui comprar sapato na loja Centauro e ninguém me atendeu, fui seguido todo o tempo, daí arranquei o sapato do cabo de aço no qual ele fica preso e disse no caixa que iria comprá-lo. A caixa me disse que só podia ser vendido se eu desse o nome do vendedor pelo qual eu fui atendido. Disse a ela que não fui atendido porque eles achavam que eu era ladrão por ser preto. Aí ela me vendeu o sapato.

Quando tinha uns 13 anos, estava conversando com meus amigos e do nada um amigo meu disse que Deus tinha me amaldiçoado porque me fez negra e mulher.

Sempre fui preterida, seja na escola quando iam escolher times nas atividades, seja em relação a afetos. Quando eu era criança e os alunos faziam uma lista das alunas "mais bonitas" da sala, eu sempre estava em último, ou em penúltimo, isso por vários anos.

Na troca de porteiro do meu prédio, meu marido que é branco tocou o interfone e entrou direto. Eu que sou negra, na mesma situação, o porteiro perguntou se eu tinha como comprovar ser moradora daquele condomínio num bairro nobre

O que mais me afeta é o fato de pessoas negras, independentemente do gênero, quando têm a oportunidade de escolher, entre um preto(a) e um(a) branco(a) optam em esmagadora maioria por uma pessoa branca.

Numa entrevista de emprego num colégio de elite em Sao Paulo, eu com estágio na Suica e cursando uma universidade pública, ouvi o seguinte: a vaga que eu tenho pra vc é de recepcionista. Mas vc nao vai querer, nao é mesmo? Naquela escola eu nao podia nem ser estagiária. Devido so racismo.

Um dia eu entrei em uma loja, o segurança ficou me encarando e isso me deixou desconfortável (bastante até).

Minha mãe é branca e eu sou parda, em um universidades particular e grande do RS, a professora coordenadora do curso de pedagogia perguntou se eu era filha biológica da minha mãe enquanto passava o dedo indicador no braço, para falar da minha cor.

Sem dúvidas já sofri racismo por ser negro e homossexual!

ir em uma loja e fui perseguido pelo segurança

Quando eu tinha 8 anos, era uma menina muito ativa, só “andava correndo”. Nesta época, em 1994, havia arrastões no Rio de Janeiro. Fazendo compra com minha mãe, que estava grávida e portanto andando mais devagar, corri para pegar uma promoção relâmpago, ao me aproximar correndo uma mulher branca agarrou, protegendo a sua filha de mim, vi o pânico no rosto delas ao achar que eu iria atacá-las. Fiquei paralisada frente aquela reação. A mulher só largou a filha quando minha mãe, branca, chegou, me abraçou e disse que eu era filha dela.

Me mudei para um apartamento na Tijuca, cidade do Rio se Janeiro. Estava na garagem do prédio tirando algumas plantas da mala do carro e as colocando em um carrinho de compras. Quando terminei, a porteira do prédio apareceu e disse que precisava do carrinho por alguns minutos pois outra moradora do prédio - que estava do lado de fora- iria utilizar para colocar suas compras. No momento que isso aconteceu fiquei bastante atordoada em função do absurdo que era aquilo tudo, tendo em vista que a utilização do carrinho pela outra moradora era mais urgente e importante do que a minha necessidade. A porteira me conhecia, sabia que eu era nova moradora. E mesmo vendo um carrinho cheio de plantas pesadas, insistiu até o momento em que eu deixei o carrinho vazio para a outra moradora usar. E, obviamente, a moradora e a porteira são brancas.

Trabalhando com público em um time que somente eu era negra, muitas vezes acontecia que meu trabalho era diminuído ou invalidado por pequenas coisas. Um hóspede em uma viagem, fez questão de apontar erros em uma tarefa solicitada pensando que havia sido feita por mim. Quando pontuei que havia sido feita por outra colega, ele imediatamente mudou de ideia e se desculpou pela “confusão”. Ao final do dia eu ouvi do meu chefe, que se todos eram bem tratados pelo hóspede e eu não, o problema deveria ser comigo, pois eu era a única que não agradava a ele… eu me lembro até hoje a forma que ele me dava direções e fazia solicitações e como ao final da viagem falou que eu fui a pior pessoa na experiência dele. Eu só me lembro disso, porque sei que era a melhor do meu time e essa era a oportunidade que faltava para pontuarem que minha atuação Mainers tão perfeita quanto eu pensava. Doeu, demais.

Estava em um barzinho na região do Tatuapé com amigas. Fomos para trocar presentes de amigo secreto e celebrar o sucesso profissional, inclusive meu (fiz uma aparição em TV aberta dando minha opinião técnica). Quando fiquei em pé, minhas amigas sentadas batendo palmas pra mim, ouvimos um grito vindo de outra mesa com ofensas racistas ao meu cabelo. Enfim, fiquei em estado de choque, chamamos a polícia, 6 horas de delegacia, crime de injúria racial registrado em BO e julgamento em andamento. Tive crise hipertensiva, medo de voltar a me reunir com amigos em ambientes públicos, sessões de terapia, crises de choro e indignação extrema.

Em julho de 2021, participei de uma seleção para ser professor de História em uma escola particular. A coordenadora me dispensou na primeira etapa, após 30 minutos, enquanto outros candidatos prosseguiram no processo seletivo, um deles foi contratado.

Quando tinha uns 13 anos, estava conversando com meus amigos e do nada um amigo meu disse que Deus tinha me amaldiçoado porque me fez negra e mulher.

Não ser bem atendida em lojas por parecer não ter dinheiro.

Comentei com uma "amiga" que havia sido convidada pra um casamento e que estava em dúvida se comprava ou alugava um vestido. Ela cismou que eu tinha que usar um que ela possuía e que ficaria perfeito em mim. Relutei, mas a insistência virou ameaça, ela disse que se eu não aceitasse seria uma desfeita. Aceitei, com intuito de preservar uma harmonia na relação. Eu já havia notado condutas racistas, mas não comigo. Parecia haver muita consideração. Marcamos a devolução e nessa semana meus filhos ficaram doentes. Pedi para combinarmos em outro momento, eis que ela sugeriu muito delicadamente que eu não tinha a intenção de devolver. Neste grupo de amigos, eu era a única preta e vi muitas situações de empréstimo de coisas que jamais chegariam a uma acusação semelhante. Ficou claro pra mim que trazer esse tema em se tratando da minha pessoa, ainda que completamente infundado, não seria tabu.

Na universidade pública, por questionar meus professores e colegas sobre epistemicídio e dizer que o racismo é estrutural e que TODAS as pessoas estão nessa estrutura, uma colega branca do movimento feminista disse que eu jamais poderia chamá-la de racista, uma vez que era impactos do sistema. Para finalizar a conversa, disse que se eu não sabia estar ali, a universidade não era pra mim.

Cresci com a estigma do cabelo ruim, cabelo duro, tendo desde cedo sido incentivada a alisar para ficar mais bonita.

Publiquei a foto do show das sereias no aquário de São Paulo no stories do Instagram com a descrição "quero largar tudo e viver disso" e uma pessoa comentou "vc já viu sereia preta? Ariel é preta? Aquaman é preto? Kkkkk vai ter que nascer de novo". Respondi que foi um comentário racista e a pessoa justificou que foi só uma brincadeira e que tem uma namorada preta. Logo em seguida eu fui bloqueada

13.10.2021. 06:50 AM. Campinas, SP, Rua Dr Sampaio Peixoto, no bairro nobre Cambuí. Onze homens: 2 oficiais de justiça, 2 PMs armados, 1 advogado do escritório que promoveu essa barbárie, e 6 funcionários da companhia de mudança. Contra 2 mulheres e uma menina de 04 anos: eu, avó negra, minha filha, e filhinha dela. TODOS os nosso pertences foram levados por um advogado corrupto, a serviço da especulação imobiliária, e permanecem sob seu domínio em local não declarado. Este foi o saldo do despejo coercitivo, após processo baseado em informações falsas, sem chance de defesa. Entre as mentiras que banalizaram a violência, a negativa de que havia na casa, há 4 anos, uma família e um escritório de produção executiva de cinema, realidade que informei por email, a este mesmo advogado, em 2017 quando meu ex-marido abandonou o imóvel nas minhas mãos. Desde abril de 2021, quando achei um mandado de desocupação na calçada, peço ajuda, e explico que na crise da pandemia não disporia de meios para realocar a residência e escritório até o fim do ano. Aos meus apelos desesperados, as instituições "da Lei" campineiras repetem em coro que nada podem fazer por nós. E nada fizeram. Fomos tiradas da cama antes das 07 da manhã. Nos escondemos num quarto e trancamos a porta enquanto eles levavam TUDO. Documentos originais, roupas, sapatos, brinquedos, insumos do atelier de artes visuais de minha filha, e todo o acervo de 36 anos de carreira artística, incluindo negativos de imagem e som e 2 cópias 35 mm de 'Gurufim na Mangueira' (2000), além de TODA a mídia do meu longa metragem em andamento, 'DAMA DE FERRO criação em processo'. Quando não tinham mais nada pra levar nos outros cômodos, nos pressionaram para sair da casa. A essa altura, era quase meio-dia. Falando através da grade da janela, com 2 PMs e 2 Oficiais de Justiça, exigimos a presença de um representante do Conselho Tutelar, que chegou cerca de 30 min depois. Este Conselheiro é a única testemunha isenta; todos os outros trabalhavam para o agressor. Além dele, fizemos vídeos registrando tudo. Entre os homens que nos pressionavam mais diretamente, havia 1 PM e 1 Oficial de Justiça que eram negros. O PM preto disse na minha cara que "não existe racismo", que eu estava me fazendo de vítima, e que deveria ter buscado meus direitos na forma da Lei. Respondi-lhe que, se eu fosse uma mulher branca, o advogado agressor teria ido conversar e negociar quando o chamei. Mas não. Como sou "apenas uma negra", ele escolheu ignorar minhas mensagens por 4 longos anos, e armou um processo fraudulento, às vistas de todos, para aterrorizar a mim e à minha família, nos infligindo a ameaças e nos expondo a humilhação diante da vizinhança branca do Cambuí, que salivava, saboreando o espetáculo do despejo. Negociar comigo, por quê, se não sou gente? Ele precisava me colocar "no meu lugar", como se fazia com os escravos fujões no Pelourinho. Hoje, como na escravidão, humilhar pessoas negrxs é algo que se pode fazer "dentro da Lei".

Fui na farmácia com meu irmão, o mesmo entrou para fazer teste de covid e fiquei esperando ele sentada na moto no estacionamento da farmácia, com o capacete na cabeça (como não ia entrar na farmácia e o teste era algo rápido, fiquei ali esperando). Logo depois chegou o carro forte, o qual parou em uma distância razoável de mim, dois seguranças entraram na farmácia e um terceiro ficou na porta com arma em mãos. O segurança da porta a todo momento me olhava, pouco antes dos seguranças que entraram na farmácia saírem.. o que ficou na porta me abordou (com arma em punho) me mandando tirar o capacete, pois todos que se aproximam do carro forte é suspeito. Oi? Eu já estava lá quando chegaram, em momento algum fui até o carro, sentada na moto estava e fiquei a espera do meu irmão. Outras pessoas circularam e entraram de capacete no estabelecimento. Porém, apenas eu (mulher, preta) fui abordada e mandada tirar o capacete. Apenas obedeci e retirei o capacete, quem vai retrucar com um cara de arma em punho na sua frente

Open-Ended Response

Quando era criança (8 anos) fui chamada de "macaca" por um amigo do meu primo. Ninguém reagiu, nem os adultos que souberam do ocorrido. Foi a primeira vez que zombaram dos meus traços físicos, associando-os a minha capacidade intelectual.

Tenho passado alguns enfrentamentos no local de trabalho devido a minha cor.

Era primeiro dia de aula daquela disciplina com aquela professora e ela simplesmente parou o que estava fazendo pra olhar com nojo pro meu cabelo (trançado no dia) para perguntar como eu lavava e se aquilo não apodrecia meu cabelo. Ela fez tudo isso me olhando com nojo e desdém.

Faça questão de contar essa história que aconteceu no Rio de Janeiro, em 1985. Para pagar a faculdade, eu trabalhava em uma rede de lojas de roupas de marca. A gerente da loja fazia assédio moral contra as vendedoras. Então, não suportando a situação, pedi demissão. O proprietário me chamou para conversar, pois ficou contrariado com a minha decisão. Eu era uma ótima vendedora. Ele me disse assim: é uma pena você pedir demissão, pois em cada loja tenho uma pessoa como você. Pessoas como você, me dão sorte. Naquele momento não percebi que ele estava praticando o racismo comigo. A ficha só caiu quando contei, que em cada uma das cinco lojas que ele tinha na zona sul, havia uma vendedora negra. As outas eram brancas, sendo a maioria louras.

Trabalhei por 16 anos em local que era parado todos os dias e pedia meu crachá, enquanto as pessoas branca não recebia o mesmo tratamento

Em uma loja de Shopping a vendedora quando se aproximou de mim, foi para dizer que liquidação era no subsolo. Enquanto atendia uma mulher branca que entrou na loja depois de mim.

Quando era adolescente, vi todos os meus livros rasurados, com termos racistas, minha mãe sendo chamada de macaca. Ser aluno bolsista, negro e sem noção que era LGBTQ na época foi uma dureza tremenda.

Ao entrar numa loja de departamentos de um shopping, me direcionei à seção de vestuário masculino, quando percebo dois seguranças vindo à minha direção, ficaram de longe observando meus movimentos. Não havia algo que me agradasse e por impulso virei de costas, quando percebo mais um segurança a se aproximar. Caminhei para a saída da loja e os três me seguiram. Algumas pessoas perceberam e ficaram a me observar, detalhe, todos que me olhavam eram pessoas brancas. Me senti constrangido e prometi nunca pisar naquele lugar novamente.

Na escola sempre era o excluído o que ficava de lago e ninguém queria ficar perto, por vezes pensei que era por não ser muito social, mas aí as pessoas esbarravam em mim e se limpavam e falavam eca, eu me sentia um lixo, uma criança de 6/7 anos q por vezes restava pra ser branco.

Parei de alisar o cabelo perto de entrar na faculdade e aí já com o cabelo natural, bem cacheado, visitei uma tia que é branca e hoje bolsonarista que veio me perguntar se eu não ia voltar a alisar nunca mais. Primeiro me disse que cacheado dava muito trabalho pra cuidar e controlar e depois falou que na minha profissão do curso que me formei, não dá pra usar cabelo assim porque não passa uma imagem boa. E disse que se ela tivesse que escolher entre duas arquitetas, ela escolheria a de cabelo liso porque significa que essa se preocupa com estética.

Me mudei para um apartamento na Tijuca, cidade do Rio se Janeiro. Estava na garagem do prédio tirando algumas plantas da mala do carro e as colocando em um carrinho de compras. Quando terminei, a porteira do prédio apareceu e disse que precisava do carrinho por alguns minutos pois outra moradora do prédio - que estava do lado de fora- iria utilizar para colocar suas compras. No momento que isso aconteceu fiquei bastante atordoada em função do absurdo que era aquilo tudo, tendo em vista que a utilização do carrinho pela outra moradora era mais urgente e importante do que a minha necessidade. A porteira me conhecia, sabia que eu era nova moradora. E mesmo vendo um carrinho cheio de plantas pesadas, insistiu até o momento em que eu deixei o carrinho vazio para a outra moradora usar. E, obviamente, a moradora e a porteira são brancas.

Uma vez fui acusada de roubar um celular , havia 3 pessoas próximo a ele , eu e duas minas brancas . Postei o corrido nas redes e No dia seguinte a dona do celular foi flagrada fazendo um selfie com o mesmo .

Vendedora de loja de roupas em Shopping me preteriu ao ver casal branco e loiro entrar na loja depois de mim.

Ao me relacionar com um homem branco, ele disse para mim que nunca havia dado atenção as mulheres com o meu tom de pele ou mais "escuras", que meus traços eram diferentes, mais bonitos do que as outras, que eu era uma nega bonita e que mesmo não gostando de cabelos cacheados, se eu escolhesse assumí-los, ele me acharia linda. Me disse que nunca se imaginou ficar com alguém como eu e que pensava que por ser como sou, com certeza, nunca iria ser ausente nas relações sexuais.

Estava apresentando um seminário como trabalho final, numa cadeira de educação, numa universidade federal do país. O trabalho em questão trazia como conteúdo a obra de uma filósofa brasileira negra. No momento da apresentação, fui interrompida pela professora (branca e progressista ), que, sem motivo aparente e de forma muito agressiva, demonstrou seu desconforto com o conteúdo do trabalho. Começou a fazer falas racistas e sem nexo. Surpreendida por sua atitude, não consegui dizer mais nada, apenas seguir de forma mais rápida possível com a apresentação do meu trabalho. Isso se repetiu no semestre seguinte, quando novamente estava apresentando um seminário como trabalho final, numa cadeira sobre educação, com a mesma professora (branca e progressista).

Eu ocupo um cargo de chefia na instituição onde trabalho. Um dia, foram orientados pela direção a procurar a coordenação. Quando a pessoa se encontrou comigo ela se assustou, daqueles sustos que paralisam quando descobriu que era eu. Para ela eu era estagiária. Já fui barrada levando um equipamento e a pessoa solicitou o recibo que utilizamos pra retirar. Ele disse que precisava de autorização da chefia. E eu disse que era eu. Mesmo assim me impediu

Por ser preto de curso técnico, qdo pontuo algo no trabalho que divergem dos níveis superiores e brancos, minha fala não representa.

Eu tinha 13 anos e estava vestida de uniforme de escola quando fui ao prédio de uma amiga que me dava carona todas as manhãs (o pai dela). Perguntei ao porteiro se o pai dela já tinha saído com o carro. O porteiro perguntou se eu queria saber isso porque eu iria faxinar a casa dela...

Teve um dia em que minha mãe branca disse que não existe negro bonito no Brasil, eu falei pra ela que por ser negra ouvir isso dela era um absurdo. Ela disse que eu não sou negra, sou morena ou mulata e que se todo mundo é descendente de escravizado, por algum parente distante dela já ter sido um, ela também poderia se dizer mulata. Eu insisti dizendo que não se usa morena ou mulata e que eu sou negra portanto. Ela saiu de casa por 3 dias e ficou sem falar comigo porque não aceita que eu seja negra.

Sou historiadora e trabalhei em uma escola no Brooklyn em SP, todos os dias ao passar no hortifrute o segurança me perseguia, todas as vezes que lá entrei.

Meu nome é Regina e estava a procura de um imóvel pra comprar e com isso entrava em contato com muitos corretores pra visitar os imóveis, e tinha uma amiga em especial que ia sempre comigo e ela é branca, e eles nunca negociavam comigo, sempre se dirigia a ela, como se eu não estivesse ali, e era vizivel o desapontamento de alguns, como se eles estivessem perdendo o tempo deles comigo. Numa dessas busca estava em contato via telefone com um corretor e estava tudo certo com dia e horário pra visitar o imóvel, e ele me add no whatsapp pra me passar a localização e simplesmente nunca mais falou comigo, provavelmente após vizualizar minha foto e vê que eu era negra. Enfim, comprei meu imóvel com uma corretora negra.

Sou residente de um bairro nobre da minha cidade. Recentemente, numa mercearia de produtos orgânicos, paguei minha compras com um nota de cem reais. Depois de perguntar três vezes se eu precisava do comprovante de compra para apresentar à minha patroa, a atendente do caixa chamou seu supervisor para checar se a nota não seria falsa.

Fui palestrar em um colégio particular sobre carreira acadêmica e a diretora ao me ver na recepção disse: "Nossa, não esperava que você fosse... é... assim... beginha." Sim, porque Mestrado e Doutorado é destinado apenas aos brancos.

Em uma loja de Shopping a vendedora quando se aproximou de mim, foi para dizer que liquidação era no subsolo. Enquanto atendia uma mulher branca que entrou na loja depois de mim.

Eu tinha 15 anos e adorava maquiagem...um dia eu estava a cominho da escola, quando no ônibus, uma senhora sentou ao meu lado e puxou conversa... estava tudo tranquilo até ela dizer "você é muito nova, não sabe nada da vida ainda e eu acho que não tem alguém para lhe orientar, mas eu vou te contar, maquiagem não combina com pele escura, fica feio, parece que a pele está suja, lembra aqueles escravos sujos de barro " Eu não chorei! mas meus olhos ficaram cheios de lágrimas. Cheguei na escola, corri para o banheiro, lavei o rosto, esfreguei tanto que meus olhos ficaram vermelhos... entrei na sala de aula, fui lá pro fundão e fiquei bem quietinha.

Sou preterida para relacionamentos "sérios"/ exposição à família por homens. E o caso clássico, de ser seguida por seguranças em supermercados e lojas enquanto uma cliente de pele clara prometendo transitar pelo estabelecimento sem qualquer suspeita.

Fui seguida dentro de uma loja por um segurança durante toda minha estada na loja. Quando fui estudar no exterior frequentemente me perguntavam se eu era puta e se estava lá mesmo pra estudar. Além das muitas vezes que me disseram que meu cabelo era ruim Evinha boca era igual a da “boca da nega” das festas juninas.

Sempre fui preterida, seja na escola quando iam escolher times nas atividades, seja em relação a afetos. Quando eu era criança e os alunos faziam uma lista das alunas "mais bonitas" da sala, eu sempre estava em último, ou em penúltimo, isso por vários anos.

Saí do trabalho, roupa social, mochila nas costas. Precisava comprar algo no supermercado. Eu só notei qdo estava indo para o caixa que o segurança que estava na entrada da loja me seguiu durante todo o tempo. Só percebi quando estava indo para o caixa. Ele notou que vi, fingiu que fazia alguma coisa e voltou para onde estava.

Ocorre sempre, mas o mais recente foi semana passada. Entrei em uma loja de chocolates com minha filha que tinha me pedido uma trufa. Tinha outras pessoas na loja, brancas. Foi só eu entrar na loja que a atendente que estava no salão veio para a porta como que para impedir que eu roubasse alguma coisa e saísse.

Já fui olhada de jeito torto diversas vezes na zona sul do Rio. Em uma ocasião, no centro do Rio, fui impedida de entrar em uma loja para ver um vestido do qual tinha gostado; a vendedora insistiu que não tinha do meu tamanho e pronto.

Foi na última sexta (22/10), em um grupo da faculdade de direito da UFAM. Uma moça perguntou se eu já havia iniciado em um órgão público e respondi que sim e logo depois ela disse: “ata, a cota” em um tom de menosprezo e racismo. Foi muito dolorido e constrangedor, mas infelizmente esse é o ônus de ser um preto brasileiro.

Racismo existe

Ao me relacionar com um homem branco, ele disse para mim que nunca havia dado atenção as mulheres com o meu tom de pele ou mais "escuras", que meus traços eram diferentes, mais bonitos do que as outras, que eu era uma nega bonita e que mesmo não gostando de cabelos cacheados, se eu escolhesse assumí-los, ele me acharia linda. Me disse que nunca se imaginou ficar com alguém como eu e que pensava que por ser como sou, com certeza, nunca iria ser ausente nas relações sexuais.

No ano de 2011,ao sair da aula de História do Brasil II – República,ministrada pelo único professor negro Dr. Flávio Gomes do curso de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, que havia tratado sobre a questão racial no Brasil, antes e depois do período histórico acima mencionado, considerando o país profundamente racista. Ao sair da aula junto a um casal de aluno branco e aluna branca, colegas pares de curso conversando com eles pude notar que refletiam sobre o racismo como se fosse algo que tivesse ficado no passado. Na ocasião afirmei que independente de como eu estivesse vestido, por incontáveis vezes, seja arrumado indo para o trabalho ou indo para a praia surfar segurando prancha de Bodyboard e os pés-de-pato, o acento ao meu lado no ônibus quando não fica vago era o último lugar a ser ocupado. Dito isso, em seguida ouço a parceira do meu colega me responder: "Mas se também não conhecesse você não sentaria ao seu lado no ônibus”. O silêncio após o que foi dito serviu de trilha sonora para meu estado de felicidade, pois confirmou a minha hipótese, até então tinha autopercepção, ninguém havia verbalizado tão claramente tal fato. O sorriso na minha boca foi tão profundo e intenso que quem olhava para mim não fazia ideia da minha felicidade enquanto eu permanecia sério, em silêncio e pensativo.

Sou preterida para relacionamentos "sérios"/ exposição à família por homens. E o caso clássico, de ser seguida por seguranças em supermercados e lojas enquanto uma cliente de pele clara prometendo transitar pelo estabelecimento sem qualquer suspeita.

Recebi o convite para prestigiar um filme dedicado ao público LGBT no shopping Pátio Higienopolis, ao adentrar ao estabelecimento percebi que seguranças começaram a me seguir. Acompanharam à distância até a sala de cinema. Outras pessoas perceberam, porém não falaram nada.

Sou advogada, me considero parda. Algumas vezes alisava meu cabelo, um dia entrando no Fórum na cidade do Rio de Janeiro, haviam 4 advogadas brancas na minha frente. Elas passaram no local destinados sem problemas. Quando eu fui passar no local de advogados o segurança pediu que eu apresentasse a carteira de advogada. Perguntei por que não pediram para as advogadas que passaram antes. Foi uma situação vexatória. Quando eu alisava meu cabelo nunca me pediam a carteira de advogada.

Fui ama dermatologista reclamando das marcas escurecidas que minhas acnes deixavam e ela disse: é, pois é. Pele "morena" mancha, mesmo. É assim, mesmo. Mas é só uma questão estética. Não tem problema nenhum! Por que ela acha que isso não seria um problema para mim?

Na rua as pessoas preferem atravessar ou agarrar a bolsa entre outras coisas ao me ver e isso machuca pois é todo dia e não é coincidência desde que me entendo por gente.

SER CONFUNDIDO VÁRIAS VEZES COM ALGUMAS PROFISSÕES COMO ENTREGADOR, PORTEIRO OU ATÉ MESMO PESSOAS ASSUSTADAS COM MEDO DE ASSALTOS.

Você que assina a newsletter da Gênero e Número deve estar estranhando a gente falando sobre câncer de mama, assunto que não é muito comum por aqui. O motivo vai muito além do Outubro Rosa. Câncer de mama é um tema que reúne eixos que são fundamentais pra gente: direitos das mulheres, saúde e dados. No levantamento inédito que fizemos com números do DataSUS, vimos que tratar o câncer de mama em fases avançadas é mais penoso para mulheres e para o próprio SUS. O descumprimento de leis que deveriam acelerar o diagnóstico e o tratamento faz com que pacientes cheguem aos hospitais em estágios mais avançados da doença. Com isso, as chances de cura caem e quem paga conta é o SUS. Foram quase R$ 700 milhões desde o início da pandemia para tratar o câncer de mama em estágios avançados x R$ 166 milhões nos estágios iniciais. O detalhe é que o número de tratamentos é menor nas fases mais graves: 48% do total x 52% nas fases iniciais. As consequências estão na vida de mulheres como Luciane Grava, mãe solo e vendedora autônoma, que teve que encarar diagnóstico, químio e cirurgia na pandemia, com a ajuda dos filhos e dos amigos. Ela já estava no estágio 3 da doença quando se tratou. Os dados da reportagem nova desta newsletter são a segunda parte do projeto Câncer de Mama Hoje, parceria da GN com o Instituto Avon.

O vendendo da lojar ficou andando atrás o tempo inteira que eu entrei na loja, isso foi no rio de janeiro.

Meu cabelo a patroa não gostava do Black mas não falava na minha frente eu soube depois que ela queria que eu tirasse as tranças quando coloquei mas na minha frente não falava só por tras

Vou relatar um, mas o evento ocorre semanalmente. Eu estava na farmácia COM ROUPA SOCIAL e um velho branco me perguntou coisas como se eu trabalhasse no local. Tenha dó!

Estava na sala de espera da clínica odontológica, quando um professor já mais velho, pegou no meu cabelo e disse que hoje em dia as pessoas achavam bonito, mas que antigamente cabelo igual ao meu só servia para juntar piolho.

Estava fazendo um curso de fotografia online e fui pra rua treinar. Achei um ponto de simetria entre duas casas interessante e quis tirar aquela foto. Minha câmera estava apontando para cima, para o céu, no espaço vazio entre as casas. Uma mulher saiu de dentro da própria casa e começou a me questionar, agressivamente, o que eu estava fazendo e pra quê. A expressão dela era de superioridade, como que se estivesse esperando para desmascarar uma mentira. Eu mal conseguia falar, fiquei muito nervosa, o coração acelerado, não acreditando que aquilo estava acontecendo, esperando que ela pedisse pra ver a foto, o que não aconteceu, ainda bem. Finalmente ela parou de perguntar e foi embora. Meu namorado, branco, vive tirando fotos de frente de casas que ele acha bonitas, nunca foi abordado ou questionado.

Namorei uma garota branca, mas bem branca mesmo, e sua família nunca foi lá tão receptiva assim, mas também nunca foram ríspidos ou descorteses comigo. Até um tio dela, não tão próximo assim, aparecer, assustar, e tirar das entrelinhas e do armário o que tava incomodando a todos. Não tenho certeza, mas acho que foi a primeira vez que o racismo se externou tão explicitamente pra mim. Obviamente, não tinha como esse namoro durar tanto mais, né!? Não por falta de vontade de nossa parte, mas além dessa barreira constrangedora, éramos imaturos tanto para driblar o ocorrido, e os constragimentos que se suscederam.

Foi na última sexta (22/10), em um grupo da faculdade de direito da UFAM. Uma moça perguntou se eu já havia iniciado em um órgão público e respondi que sim e logo depois ela disse: “ata, a cota” em um tom de menosprezo e racismo. Foi muito dolorido e constrangedor, mas infelizmente esse é o ônus de ser um preto brasileiro.

Uma professora branca, na época da graduação, duvidou do trabalho que eu fiz e só se "convenceu" depois que eu expliquei a ela o que eu havia feito. A mesma professora continuou ironizando esse ocorrido em outras aulas, inventando situações fictícias sobre um "aluno paranóico" que ela tinha, segundo ela.

Eu moro no bairro de Sta. Teresa no RJ Capital. No prédio q eu moro, eu e minha familia somos os únicos negros. Certo dia, qdo ainda havia pouco tempo q morava aqui, fui confundido com o profissional q trabalha no prédio. A pessoa gostaria q entrasse em contato com determinado apartamento. Entrei sem constrangimento apenas pq o porteiro era muito meu amigo. Pouco tempo depois , a mesma pessoa q tinha entrado, havia colocado o carro numa vaga para visitantes e gostaria de sair. Calhou de eu estar conversando com o trabalhador aqui do prédio, q é um homem branco. A pessoa parou o carro perto da portaria e pediu para servidor do condomínio me chamasse para abrir o portão de garagem, achando q eu trabalhava na portaria. O porteiro respondeu q ia abrir e q eu era morador condomínio. A pessoa veio com aquele papo de q não tinha percebido q eu estava sem identificação. Em outra ocasião fui direcionado a entrada de serviço por estar de crachá de trabalho. Questionei pq moradores deveriam entrar pela entrada de serviço sem estarem carregando carga. O morador não soube onde enfiar a cara de racista e só fez pedir desculpas. Um outro morador de porta falou para minha filha de 10 anos q o cabelo dela só andava desarrumado. Minha esposa entrou em contado por meio público (grupo de WhatsApp do condomínio) e avisou q o próximo ocorrido ele seria denunciado por crime de racismo.

Eu fui seguida por um segurança de uma grande loja de departamento junto com minha mãe

Já fui olhada de jeito torto diversas vezes na zona sul do Rio. Em uma ocasião, no centro do Rio, fui impedida de entrar em uma loja para ver um vestido do qual tinha gostado; a vendedora insistiu que não tinha do meu tamanho e pronto.

Fui na farmácia com meu irmão, o mesmo entrou para fazer teste de covid e fiquei esperando ele sentada na moto no estacionamento da farmácia, com o capacete na cabeça (como não ia entrar na farmácia e o teste era algo rápido, fiquei ali esperando). Logo depois chegou o carro forte, o qual parou em uma distância razoável de mim, dois seguranças entraram na farmácia e um terceiro ficou na porta com arma em mãos. O segurança da porta a todo momento me olhava, pouco antes dos seguranças que entraram na farmácia saírem.. o que ficou na porta me abordou (com arma em punho) me mandando tirar o capacete, pois todos que se aproximam do carro forte é suspeito. Oi? Eu já estava lá quando chegaram, em momento algum fui até o carro, sentada na moto estava e fiquei a espera do meu irmão. Outras pessoas circularam e entraram de capacete no estabelecimento. Porém, apenas eu (mulher, preta) fui abordada e mandada tirar o capacete. Apenas obedeci e retirei o capacete, quem vai retrucar com um cara de arma em punho na sua frente

Fui palestrar em um colégio particular sobre carreira acadêmica e a diretora ao me ver na recepção disse: "Nossa, não esperava que você fosse... é... assim... beginha." Sim, porque Mestrado e Doutorado é destinado apenas aos brancos.

A funcionária da limpeza do banco onde eu trabalho como esxrituraria faltou e a empresa terceirizada mandou uma substituta. O meu chefe branco disse pra ela que qualquer dúvida a respeito da limpeza do imóvel que ela tivesse, era pra ela falar comigo. Eu não trabalho na supervisão desse setor e não estou a par desse assunto, não sei nem onde fica guardada a vassoura.

É relevante mencionar que citarei apenas um dos vários episódios de racismo que já vivenciei. Em março de 2020 efetuei o cancelamento/estorno de uma compra online de um artigo esportivo de uma grande empresa que se associa a outras empresas parceiras. Ao confirmar o cancelamento recebi da empresa parceira a frase : VAI PROCURAR TUAS NEGRAS. De imediato fiquei em choque, transtornada. O cancelamento foi efetuado via e-mail, ou seja, tinha a minha foto. As empresas sabiam que tratava-se de uma mulher negra.

Quando era criança, por volta de uns 7 anos, mudei de colégio no meio do ano letivo. Como de costume, a professora tinha falado com a turma que um coleguinha novo chegaria em breve. Uma das primeiras coisas que ouvi de outro aluno foi: "Eu pensei que você era branco".

As principais situações cotidianas de racismo que eu vivenciei foram acompanhadas da minha mãe, na infância. Me lembro de não entender o porquê de a minha mãe sempre precisar “fazer barraco” para ser atendida nas lojas. Me lembro de ela querer comprar sempre na mesma loja e com a mesma vendedora. Me lembro de entrar e sair de incontáveis lojas na busca de coisas simples. Hoje eu consigo olhar pra trás e entender o porquê de nós nunca sermos bem atendidas.

Na escola sempre era o excluído o que ficava de lago e ninguém queria ficar perto, por vezes pensei que era por não ser muito social, mas aí as pessoas esbarravam em mim e se limpavam e falavam eca, eu me sentia um lixo, uma criança de 6/7 anos q por vezes restava pra ser branco.

Após passar no mestrado em primeiro lugar, portanto com direito a bolsa, a coordenação da instituição decidiu mudar as regras de classificação para o próximo ano, alegando que naquele ano (o que passei) a avaliação tinha contribuído para que pessoas que não tinham o perfil de pesquisa conseguissem a bolsa. Essa postura foi apenas a primeira de inúmeras outras racistas vividas, que transformaram minha experiência acadêmica e me causaram dano emocionais e psicológicos

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